
Uma amiga na casa dos 50 estava solteira
há anos. Já tinha perdido a esperança de encontrar um novo namorado, e
tampouco se sentia ansiosa por causa disso. Havia casado duas vezes,
tinha um
filho bacana e podia muito bem viver sem amor, essas mentiras que a
gente conta pra nós mesmos. De qualquer forma, pra não perder o hábito,
saía de vez em quando à noite, ia pra balada, se produzia bonitinha, vá
que. Mas voltava invariavelmente sozinha pra casa. Até que um ex-
paquera do tempo que ela era uma debutante enviou um e - mail - ele,
depois de muitos anos morando no exterior, voltaria para o Brasil e
gostaria de revê-la. Milagre by Facebook. Ela disse claro, imagina, vai
ser ótimo, mas não sabia quando exatamente a promessa desembarcaria no
Galeão.
Seguindo sua vida, foi para a piscina do clube num sábado de manhã e lá, estando bem acima do peso, suada e com um biquíni do tempo das cavernas, num daqueles dias em que só falta a placa pendurada no pescoço dizendo: "Não se aproxime", ela escutou seu nome sendo pronunciado por uma voz avaludada. Era o dito cujo, testemunhando in loco no que a debutante havia se transformado depois de tantos anos. Ela pensou na hora: esse cara vai sair em disparada. Ele pensou na hora: não desgrudo mais dessa mulher. E assim foi. Certa de que só com dieta, grife e escova atrairia olhares, ela conquistou um guapo no momento em que menos se sentia atraente.
Seguindo sua vida, foi para a piscina do clube num sábado de manhã e lá, estando bem acima do peso, suada e com um biquíni do tempo das cavernas, num daqueles dias em que só falta a placa pendurada no pescoço dizendo: "Não se aproxime", ela escutou seu nome sendo pronunciado por uma voz avaludada. Era o dito cujo, testemunhando in loco no que a debutante havia se transformado depois de tantos anos. Ela pensou na hora: esse cara vai sair em disparada. Ele pensou na hora: não desgrudo mais dessa mulher. E assim foi. Certa de que só com dieta, grife e escova atrairia olhares, ela conquistou um guapo no momento em que menos se sentia atraente.
Outra
história. Atriz, loira, linda, olhos verdes, leva um fora do namorado.
Passa dias com olheiras e inchaços de tanto chorar. Deprê em estágio
avançado. A família organiza um almoço do tipo italiano, aberto ao
pública. Ela vai entupida de ansiolíticos e láencontra um antigo
conhecido com quem brincava na infância. Ele, recém - separado, mas
inteiro. Ela, recém- separada, mas um trapo. Ficaram ali conversando,
ela lamentando seu destino, desabafando sobre sua má sorte, quando, em
meio a soluços, a mulher se engasga. Mas engasga feio. Engasga de quase
morrer. Um vexame. Pelo menos uns dez parentes vieram esmurrar suas
costas, e a coitada vertendo lágrimas, sem conseguir respirar, roxa como
uma berinjela, já encomendando a alma. Ela me conta:
_
Naquele dia eu havia saído de casa me sentindo horrorosa, e aquele
engasgo piorou ainda mais a situação, eu parecia o demo convulsionando.
Mas
o amiguinho de infãncia não teve essa impressão. No dia seguinte
telefonou para saber como ela estava passando, e estão casados há 15
anos.
Mais uma: depois de
21 anos de uma relação muito bem vivida, veio a separação amigável.
Porém, mesmo sendo amigável, nunca é fácil sair de um casamento que não
era um inferno, apenas havia acabado por excesso de amizade. Ela pensou:
acabou, agora é a hora do luto, normal, um recolhimento me fará bem.
Não deu uma semana e um estranho tocou o número do seu apartamento no
porteiro eletrônico. Ela não sabia quem era, e não deu trela. Ele tentou
outra vez no dia seguinte: ela tampouco abriu a porta, achou que o cara
havia se enganado de prédio. No terceiro dia, ela resolveu esclarecer
pessoalmente o equívoco. Desceu até à portaria para convencer o
insistente de que ela não era quem ele procurava. Era.
Do
que se conclui: de onde muito se espera - boates, festas, bares - é que
não surge nada. O AMOR PREFERE SE APROXIMAR DOS DISTRAÍDOS.
Por Martha Medeiros
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